sábado, 8 de agosto de 2009

NAÇÃO JÊJE

Nação Jêje

Quando se fala em Nação Jêje, aqui no sul do Brasil, logo se lembra do Pai de Santo mais famoso desta nação que foi o Pai Joãozinho de Bará (Exu Bý), que sem dúvidas foi a maior expressão desta nação, famoso no Brasil e em outros países como Uruguai e Argentina. Ele era filho de Santo de Mãe Chininha de Xangô Aganju, a mais antiga mãe de santo da nação Jêje que se tem notícias aqui no Rio Grande do Sul. A primeira filha de santo de pai João foi a Sra. Vandina de Oxum e depois dela vieram outros importantes adeptos do Jêje que se tornaram Babalorixás ou Yalorixás feitos pela mão de Pai Joãozinho de Bará como a Tia Nica de Bará, Alzira de Xangô, Dêde de Oxum, tio Cristóvão de Oxum, tia Conceição (irmã de Cristóvão de Oxum), Valdomiro de Bará Lodê, muito respeitado e temido por todos, foi um dos maiores feiticeiros de que se teve conhecimento no Rio Grande do Sul; Cotinha de Xangô, Valina da Oyá, irmã de Vandina de Oxum; Pai Pirica de Xangô, Jurema de Xangô, tamboreira, Evinha de Xangô, também uma das melhores tamboreiras do sul; tia Licinha da Oyá, vó Aurora do Ogum, vó de Pirica de Xangô; tia Eva de Bará, João vó da Oxum Docô, falecido em outubro de 2003; Rosália de Odé, Landa de Bará, Rení da Iansã, filha de criação do Pai João; Pequeno de Bará Lodê, esposo de reni de Oyá; Tia Tereza de Oxalá, filha carnal de Alzira de Xangô; tia Jaci de Yemanja; Valdir de Xangô, Mesquita de Xangô, Nadir de Ogum, Zé de Xangô, tio de Valdir de Xangô; Nelson de Xangô, Pai de Santo de Vinicios de Oxalá; Zé da Saia de Xangô, Ziza de Odé, Julieta de Odé, Patinha de Bará, Marta de Bará, famosa por sua vidência, também praticava Umbanda, as mulheres grávidas faziam filas para saber qual era o sexo do filho, quando a pessoa entrava em seu portão ela já sabia o que foi fazer em sua casa; Leda de Xangô, também famosa por seus feitos na Umbanda e vidente das melhores, tenho muitos agradecimentos a esta grande mãe de Santo; Santa de Yemanja, Catarina de Ogum, Tião de Bará, Elaine de Oxum, Cleusa de Oyá, Elza de Oxalá, morava no Rio de Janeiro, para onde Joãozinho de Bará viajava freqüentemente. A Nação de Jêje puro já deixou de existir a muito tempo, a maioria das casas praticam junto a nação Ijexá, cujas rezas e rituais são utilizadas por todas as casas de batuque do Rio grande do Sul e para os países onde o ritual africano, do sul, foi levado como Uruguai e Argentina. Nas festas de ritual Jêje as rezas não são na linguagem Yorubá e sim na linguagem Fon, e a dança é feita de par, as pessoas dançam de par uma de frente para o outra e alternam os lugares conforme muda o rítimo dos tambores. Os tambores usados para os rituais são parecidos com os tambores da Nação Ijexá, embora sejam em tamanhos bem menores e sempre tem que ser em número de dois tambores, um toca com dois Aquidavís e o outro faz a marcação com um só aquidavi, que são os famosos "pausinhos", erradamente usam-se o termo "Jêje de pausinhos', que na verdade são os Aquidavís usados para tirar o som dos tambores de Jêje, o acompanhamento é feito por um instrumento chamado Gãn; no ritual onde se tira rezas de Jêje não usa-se agê nem agogô. Joãozinho de Bará e Tia Licinha, sua irmã, tocavam Jêje juntos, dizem que era um dos melhores rituais quando esses dois se juntavam.

Joãozinho do Bará doutrinava muito bem seus filhos de santo, ensinava os filhos a tirar as rezas dos Orixás e a tocar tambor; ele ensinava os filhos tocando na mesa com duas colheres e no outro dia já os colocava a tocar no tambor com os aquidavís, e com certeza logo aprendiam. Ele foi uma árvore que deu muitos frutos, eu diria que foi João de Bará no Jêje e Manoelzinho de Xapanã no Ijexá. Hoje há poucas casas que conseguem fazer o ritual Jêje, dá para citar a casa de pai Pirica e a do Tião do Bará e seus descendentes, que também completam seus rituais com as rezas da nação Ijexá de linguagem Yorubá, mas são nestes terreiros que ainda se vê acontecer o ritual jêje-nagô à moda antiga. O que é chamado de nação Jêje é o ritual africano formado pelos povos fons vindo da região de Daomé, hoje Benin. Os povos Jêjes, chegados ao Brasil, em sua grande maioria se estabeleceram em São Luiz do Maranhão, onde ainda existe a Casa das Minas, Salvador e Cachoeira de São Félix (Bahia), Rio de Janeiro e para o Rio Grande do Sul sabe-se que vieram alguns descendentes do Daomé, inclusive um príncipe. O Daomé foi colônia de diversos países , e quando passou a ser propriedade da Grã-Bretanha, os Ingleses tiveram que entrar em acordo com os Reis e príncipes negros que governavam as terras. Um desses acordos resultou a vinda de um príncipe de São João Batista de Ajudá, que deixou sua terra na Costa da Mina; este escolheu o Brasil, inicialmente fixou-se em Rio Grande e, mais tarde foi para o interior de Bagé, onde ficou conhecido por manter viva a tradição religiosa Africana. De Bagé veio para Porto Alegre, adotou como nome Custódio Joaquim de Almeida, conhecido no meio religioso como Príncipe Cústódio. Seu ilê era freqüentado por figuras importantes da época, inclusive foi ele quem fez o assentamento de um Bará no mercado público de Porto Alegre, onde todos adeptos do culto africano fazem reverencia cada vez que terminam uma obrigação aos seus Orixás.

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